O comércio varejista registrou, em setembro, a quinta alta seguida. O crescimento nas vendas foi de 0,6% na comparação com agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
13/11/2020 15h59
Apesar da alta e de o resultado zerar as perdas do setor no ano, houve desaceleração na comparação com os meses anteriores, que foram de 12,2% em maio, 8,7% em junho, 4,7% em julho e 3,1% em agosto.
“A velocidade de retomada está diminuindo e, por mais que o resultado do varejo seja surpreendente – estamos nos maiores valores da série -, veremos, necessariamente ,alguma desaceleração no quarto trimestre. Não seria razoável imaginar que o setor de serviço migre para o varejo e, nesse sentido, vejamos altas consecutivas na pesquisa”, analisa o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.
No acumulado do ano, o varejo passou a registrar estabilidade (variação zero), após cinco meses no campo negativo. Em agosto, o varejo já tinha recuperado o patamar pré-pandemia.
A última vez que o comércio registrou cinco taxas mensais positivas seguidas foi em 2013.
Em 12 meses, passou a registrar avanço de 0,9%, alta acumulada de 0,5% em agosto, indicando um ganho de fôlego do setor.
Com a variação de 0,6% em setembro, o patamar do comércio varejista, que já havia atingido nível recorde em agosto, renovou máxima histórica no volume de vendas totais no país.
A receita nominal do varejo subiu 2,1% em setembro. Na comparação anual, subiu 3,7%. No acumulado no ano, tem elevação de 3,6%. E em 12 meses, passou a acumular alta de 4,2%.
Das 8 atividades pesquisadas, 3 registraram queda no volume de vendas em setembro, na comparação com agosto, com destaque para novo recuo (-0,4%) nas vendas de supermercados em meio à aceleração da inflação no país. Veja abaixo:
Pelo conceito varejo ampliado, que inclui "Veículos, motos, partes e peças" e de "Material de construção", o volume de vendas cresceu 1,2% em relação a agosto e 74% na comparação com setembro de 2019. No acumulado no ano e nos últimos 12 meses, ainda há queda, de 3,6% e de 1,4%, respectivamente.
Na passagem do 2º para o 3º trimestre deste ano, o comércio apresentou uma alta de 17,2%, a maior alta trimestral registrada desde 2014.
"Isso ocorreu, porque os trimestres anteriores apresentaram desempenho muito baixo", destacou o gerente da pesquisa.
No 2º trimestre, o setor havia registrado um tombo de 8,5% na comparação com os 3 primeiros meses do ano. Já no primeiro trimestre, houve queda de 1,9% na comparação com o 4º trimestre do ano passado.
Já em relação ao terceiro trimestre de 2019, houve avanço de 6,3%, a maior alta nesta base de comparação também desde 2014.
Embora o varejo tenha zerado as perdas no ano no índice geral, apenas 3 das 8 atividades registram avanço de vendas no ano: móveis e eletrodomésticos (9,4%), artigos farmacêuticos e de perfumaria (6,5%) e supermercados (5,5%).
Já as maiores quedas foram nas vendas de tecidos, vestuário e calçados (-30,6%), livros, jornais, revistas e papelaria (-30,5%) e equipamentos e material para escritório e informática (-18,2%).
No varejo ampliado, as vendas de veículos, motos, partes e peças acumulam queda de 18,1% no ano, enquanto que a de material de construção cresceu 7,9%.
Em setembro, houve alta nas vendas em 14 das 27 unidades da federação, com destaque para Piauí (5,7%), São Paulo (2,1%) e Espírito Santo (1,8%). Por outro lado, pressionaram negativamente os resultados do Maranhão (-5,9%), Amapá (-5,5%) e Ceará (-4,4%).
Após o forte tombo da economia no 1º semestre, a atividade econômica vem mostrando reação no 3º trimestre, com o comércio se destacando como um dos setores com uma recuperação mais rápida, com as vendas alavancadas nos últimos meses pelo Auxílio Emergencial e pelo afrouxamento das medidas de contenção à pandemia.
Na semana passada, o IBGE mostrou que a indústria cresceu 2,6% em setembro, eliminando completamente as perdas registradas entre março e abril. No acumulado no ano, porém, ainda acumula perda de 7,2%.
Analistas apontam que o desemprego elevado e perspectiva de término dos programas de auxílio devem limitar o ritmo de recuperação da economia na virada de ano. Pesam também nas perspectivas para o país, as incertezas ainda elevadas sobre a evolução da pandemia de coronavírus e as preocupações com a saúde das contas públicas.
O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) da Fundação Getulio Vargas, por exemplo, caiu 3,8 pontos em outubro, passando de 99,6 para 95,8 pontos, interrompendo uma sequência de 5 altas consecutivas.
A estimativa atual do mercado é de um tombo de 4,8% em 2020 e alta de 3,31% em 2021, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.